domingo, 13 de dezembro de 2009

DIÁLOGO COM O ESCRITOR JOÃO ALVES DAS NEVES

Entrevista concedida ao “Portal Galego”, solicitada por José Carlos, correspondente no Brasil do “Portal”.

1. Quando foi fundada e quais os objetivos da Revista “Lusofonia”?


Estamos na Internet desde o início de 2009 com os blogs www.joaoalvesdasneves.blogspot.com e www.revistalusofonia.wordpress.com, com assinalando que este ultimo tem a colaboração de brasileiros e portugueses que comentam os mais diversos temas, desde as artes & letras à economia, política, etc. E a nossa pretensão é dar notícias e comentários corretos aos Internautas de Portugal e do Brasil, Angola e Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé-e-Príncipe, Timor e outros núcleos que falem e escrevam o idioma português.

2. Com relação ao Acordo Ortográfico, já vigorando no Brasil, mas ainda sofrendo grande resistência, principalmente em Portugal. Em sua opinião, o que é necessário para que todos os paises adotem o Acordo?

Nada mais do que cumprir as propostas dos lingüistas e assinadas pelos respectivos Governos! Por que é que os discordantes de hoje não protestaram antes?

3. Quais são os pontos positivos e negativos do Acordo Ortográfico?

Quantos estudiosos do nosso idioma serão contra? Ninguém sabe! Mas sabe-se que, por mais idôneos possam ser alguns dos contestatários, a maioria dos manifestantes não é capaz de explicar as suas discordâncias.

4. Caetano Veloso tem uma canção que diz: “A língua é minha pátria E eu não tenho pátria. E quero frátria (Língua - Editora Gapa). Em sua opinião, o Acordo Ortográfico conseguirá transformar o universo lusófono em uma grande frátria (pelo menos no sentido lingüístico?)


Creio que Luís de Camões e Fernando Pessoa preferiram a “Pátria” à “Frátria” agora sugerida por Caetano Veloso, mas também há quem recorra à “Mátria” – é uma questão de bom gosto desde que se prestigie a Língua Portuguesa!

5. Com relação à Galiza, região historicamente ligada à lusofonia, como é que ela pode ter maior participação na CPLP?

Na primeira reunião em torno da primeira versão do Acordo Ortográfico, realizada anos na Academia Brasileira de Letras (Rio de Janeiro) estiveram presentes alguns intelectuais galegos que propuseram a inclusão da Galiza, mas a sugestão não foi considerada porque todos os participantes representavam países – e não regiões. Admito que a mesma dificuldade ocorra no caso da CPLP, ainda que o problema mereça ser tratado sob o prisma cultural.

6. Como o Brasil pode auxiliar nesta inserção da Galiza na CPLP?

Confesso que não sei, mas entendo que o caso pode ser debatido na Imprensa, e por mim estou ao dispor para divulgar o que estiver ao meu alcance.

Estudioso de Fernando Pessoa, pediria que explicasse para os leitores, especialmente para os estudantes, dos primeiros ciclos, a importância de conhecer a obra do grande poeta.

A poesia, a ficção e os estudos pessoanos não são impenetráveis. Os professores podem explicar facilmente o espírito dessa obra; portanto, que a leiam, em primeiro lugar, assim como as interpretações de João Gaspar Simões, Adolfo Casais Monteiro, António Quadros, Jorge de Sena e outros ensaístas portugueses, brasileiros, espanhóis e franceses. Porém, tudo pode compeender-se, mas a leitura é indispensável.

7. Tendo lançado recentemente o livro Fernando Pessoa , Salazar e o Estado Novo, como definiu o pensamento político do poeta da Mensagem?

O meu propósito foi o de esclarecer, antes de mais nada, que o nacionalismo de Fernando Pessoa nada tem a ver com o “nacionalismo” de Antonio de Oliveira Salazar, que foi semelhante ao de Mussolini, Hitler e Stalin (cada um a seu modo). Confundiu-se o prémio que o poeta recebeu do governo salazarista com o regime. Deveria recusá-lo? Agiu muito bem o Poeta - e o tempo deu-lhe razão, porque chegou-se à conclusão de que a Mensagem nada tinha a ver com o regime. E pelos textos que juntei e comentei no livro Pessoa X Salazar conclui-se que Fernando Pessoa não poderia publicar, na época, o que pensava do ditador - a Censura não o permitiria. Os 5 poemas e os 17 textos em prosa são inequivocamente contra Salazar e tanto assim que o escritor foi ao ponto de declarar publicamente que não era possível escrever e publicar o que pensava.

Nota: O livro Fernando Pessoa, Salazar e o Estado Novo, da autoria de João Alves das Neves, e pode ser adquirido através da Livraria Alpharrábio (e-mail: alpharrabio@alpharrabio.com – telefone (11) 4438 4358 e custa R$ 20,00 (além das despesas do correio).

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