segunda-feira, 28 de setembro de 2009

A BENEFICÊNCIA E AS MISERICÓRDIAS PELOS POETAS – Parte II

Não menos significativo é o poema de Paulo Bomfim, intitulado No Quinto Centenário da Santa Casa de Misericórdia de Lisboa que está na gênese das Beneficências Portuguesas (há uma edição do Centro de Estudos Fernando Pessoa), relacionando o texto com as Casas da Rainha D. Leonor de Portugal.Lembrando essa afinidade, a Real e Benemérita Associação Portuguesa de Beneficência de São Paulo mandou restaurar e colocar um medalhão de mármore, no jardim de entrada da entidade e que tem a seguinte inscrição:

Nossa Senhora da Misericórdia.

Escultura de 1876, restaurada

em 1998, ano do 500º aniversário

de fundação das

Santas Casas de Misericórdia.


Reproduz-se também nesta edição o poema de Paulo Bomfim:

E houve uma Santa Isabel

Semeando rosas no mar.

E um D. Diniz trovador

Transformando seu trovar

Nas flores que o verde pinho

Fez um dia navegar!


E houve naus e houve tormentas

Nos reinos do mar profundo,

E descobertas singrando

O olhar de D. João Segundo!

Senhora Dona Leonor

Coberta de ouro e prata,

De vosso gesto nasceu

A gesta-misericórdia

Em terras de Portugal!

Em vosso real regaço

A pedra da compaixão,

A telha da caridade,

A madeira do socorro

E as argamassas da prece,

Fizeram surgir de agosto

A Santa Casa, asa santa

Subindo aos céus de Lisboa

Na oração de Frei Miguel!

Cinco séculos passaram,

Cinco séculos presentes

Nesse milagre de amor

Que de uma Casa fez tantas

Casas Santas, Santas Casas!

E houve uma Santa Isabel

Semeando rosas aos ventos,

E houve Dona Leonor

Plasmando as Misericórdias

Em seu reino à beira mar!

E essas rosas e essas bênçãos

Hoje são alma e são corpo:

- Santa Casa de São Paulo,

Misericordiosamente,

Santa Casa do Brasil!

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

A BENEFICÊNCIA E AS MISERICÓRDIAS PELOS POETAS – Parte I


No decorrer das comemorações, em 1959, do 1º centenário da Real e Benemérita Associação Portuguesa de Beneficência de São Paulo foram muitas e variadas as homenagens da Imprensa, das Autoridades Portuguesas e Brasileiras e até de alguns Escritores à instituição fundada em 2 de outubro de 1859.

Destacamos, entre essas homenagens a de Judas Isgorota, consagrado Autor Paulista, que publicou, na oportunidade, o “Poema Todo de Ouro”, transcrito a seguir:


Cinzelando o ouro velho, ouro de lei, maciço,

da mais augusta tradição coimbrã,

eu quis fazer uns áureos versos. Um poema

todo de ouro, em que, desde a palavra fúlgida,

à existência formal, desde o ritmo à essência,

tudo fosse moral e exemplarmente belo.


Um poema que lembrasse um lavor de Cellini

e tivesse em seu bojo, resplendente,

o pensamento de ouro

dos versos áureos que escreveu Pitágoras um dia.

Eu queria, porém, que esses meus versos áureos

dirigidos aos homens de manhã,

falassem da Beleza ideal dos crentes e dos simples

em sua exaltação à perfeição excelsa,

que é o Bem, o Amor, a Fé, a piedade cristã.


Para tanto busquei a história de três jovens

pobres e serviçais que viveram aqui.

A história se passou precisamente há um século.

São Paulo começava a descer o planalto

para ao depois transpor o Tamanduateí…

Eram eles: Luiz Semeão Ferreira Viana,

o segundo: Joaquim Rodrigues Salazar,

e o terceiro, Miguel Gonçalves Reis.


Os dois caixeiros, aprendizes de caixeiro;

Charuteiro modesto era o Gonçalves;

pobres, humildes, serviçais todos os três…

Tão simples, tão modestos, afinal,

que apenas se guardou de sua origem

terem nascido em Portugal…


Corações feitos de ouro,

almas feitas de luz, dessa luz que é bondade,

compreensão, amor, ternura humana;

dessa luz que ilumina as manjedouras puras;

os três jovens, sentindo as privações, as dores,

a vida ingrata e hostil de seus irmãos

na cidade que fora o seu sonho e que entanto

nada podia dar aos seus concidadãos;

os três, numa divina inspiração lançaram

a semente ideal!


E assim surgiu, precisamente há um século,

pobre, humilde e pequenino,

hoje monumental,

esse marco de glórias, que assinala

em terras de São Paulo a alma de Portugal:


- a Sociedade de Beneficência,

pela mais pura origem – Portuguesa:

pelos mais belos feitos – Benemérita:

pelos mais altos títulos – Real!


Eu quis fazer uns versos áureos. Um poema

da forma à essência feita de ouro em pó.

Não o fiz, pois que de ouro só o exemplo

puder dar-vos dos três:

de Luiz Semeão Ferreira Viana,

de Joaquim Rodrigues Salazar

e de Miguel Gonçalves Reis…


Não fiz que o desejar; por ser humano,

é tão precário, que dá dó…

Guardai, porém, o exemplo desses jovens,

que esse exemplo é de ouro, e ouro só!

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

A BEIRA SEERA – HOMENAGEM À ESCRITORA REGINA ANACLETO

Se estabelecermos uma linha de intelectuais e artistas que têm dignificado a cultura da Beira-Serra teremos de revelar a acção de Regina Anacleto, principalmente nos domínios do ensino superior, da investigação histórica e artística.

Não será favor nenhum mas o reconhecimento de uma obra que do capítulo regional se alarga nos domínios nacionais e até aos países estrangeiros onde se desdobram as raízes lusíadas, de que são exemplos mais flagrantes o Brasil e a Espanha.

Do sector literário emergem o pioneirismo de Fernão Rodrigues Redondo, no dealbar da poesia multissecular dos trovadores, assim como de Brás Garcia Mascarenhas com o seu Viriato Trágico (no século XVI) e, sem as fronteiras municipais de hoje, o poeta D. Luís da Silveira, que é destacada em mais de duas dezenas de textos, Garcia de Resende reuniu na antologia do Cancioneiro General, de 1516. De outro goiense, António Francisco Barato (1836-1910), destacaram-se não só Pátria Góis e outros poemas, mas também os livros sobre História, Ficção e outras feições literárias.

E, no âmbito arganilense, terão de situar a obra de José Simões Dias (1844-1899), notável poeta, contista e pedagogo. Na História da Poesia Portuguesa, ressalta o ensaísta João Gaspar Simões que o autor bem feitense deitam poesia que o povo para sempre adoptou, tornando-se património da lira popular. É o caso das redondilhas de “O Teu Lenço”.

Outro escritor relevante desse período foi o Visconde de Sanches de Frias (1845-1922), que publicou com mais de duas dezenas de livros de ficção, história, poesia, memórias e até teatro, cujos cenários abrangem desde o Brasil até Portugal, incluindo a nossa Beira-Serra.

Alberto da Veiga Simões (1888-1954) foi outro dos grandes intelectuais e artistas arganilenses, cuja obra se espraiam a partir do jornalismo e no conto e da crónica, alem de ter sido um dos nossos mais importantes historiadores, apesar de se ter extraviado uma boa parte dos seus trabalhos.

Se fizéssemos uma lista dos mais importantes escritores da Beira-Serra, não deixaríamos de mencionar algumas dezenas, mas temos de nos limitar à referencia de António Nogueira Gonçalves, sacerdote, professor da Universidade de Coimbra, que a par de valiosos estudos adoptados em volumes, tem para reunir centenas de artigos sobre a nossa Beira, dispersos pela imprensa.

Fechamos as menções que nos acidem à lembrança as obras muito valiosas de Monsenhor Augusto Nunes Pereira (poeta, artista plástico, historiador e folclorista da melhor têmpera). E quem puder ir mais fundo nesta digressão cultural que bosque o nosso Dicionário de Autores da Beira-Serra, pois lá encontrará cerca de 300 verbetes sobre os nossos escritores (poetas, ficcionistas, ensaístas, historiadores) e bem assim sobre alguns teatrólogos, musicólogos, artistas plásticos, professores universitários e mais intelectuais e artistas.

E os que se derem à missão de investigar encontrarão centenas de informação sobre os mais variados aspectos da inteligência da Beira-Serra nos 23 volumes da revista “Arganilia”.

Fizemos até incursão pela cultura da Beira-Serra para salientar que nas 165 páginas do nº 23 da revista “Arganilia” os leitores disporão de uma ampla e bem … retrospectiva da vida de Regina Anacleto, que consideramos uma das mais competentes investigadoras e ensaístas portuguesas do nosso tempo. Da sua bibliografia, enumerámos dezenas de títulos aos quais terá de ser futuramente acrescentado o estudo Vila Cova do Alva: Fragmentos do passado, que terá de figurar entre as principais pesquisas históricas sobre a antiga vila do Alva.

Não encerraremos este volume as edições da Arganilia, que reuniu até hoje as bibliografias de Veiga Simões, Brás Garcia Mascarenhas, Simões Dias, Albino Abranches Freire de Figueiredo, visconde de Sanches de Frias, António Nogueira Graça, A. Nunes Pereira, Fernando Vale, Marcelo Caetano e, agora, de Regina (conseguimos reactualizar em grande parte a História de Arganil, Góis, Poiares, Pampilhosa da Serra, Oliveira do Hospital e Lousã, faltando-nos chegar a outros municípios- aonde iremos, se Deus quiser, um dia.

Temos muitos projectos, entre os quais o álbum Terras da Beira-Serra, por obra e graça de Monsenhor A. Neves Pereira, e com ele divulgamos a obra do professor, historiador e pintor Nuno Mata, pois somámos perto de uma cratera a ilustrações, gravuras, desenhos, pinturas, etc. Quando podermos organizaremos um volume consagrado ao pintor e escritor...Guilherme Filipe. Gostaríamos de completar e publicar um volume sobre Gastronomia da Beira-Serra, e lá iremos uma participação dos antigos elaboradores.

A tarefa de Arganilia não se esgotou: está por fazer o livro do Mont’Alto, do contrário de Nossa Senhora das Preces e do mosteiro do Lorvão, três obras-primas da arte-sacra da nossa região. E está por actualizar o Inventário Histórico e Artístico da Beira-Serra, tão anteriormente iniciado por António Nogueira Gonçalves, Augusto Nunes Pereira, entre outros. Regina Anacleto, de quem ainda esperamos outros estudos que valorizem a Cultura Portuguesa, com destaque para a nossa Beira-Serra.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Lançamento N.º 23 da Revista Arganilia


O lançamento do n.º 23 da revista Arganilia, sobre a Profª Regina Anacleto, acontecerá no próximo dia 11 de Setembro - Sexta-Feira, no Salão Nobre dos Paços do Conselho em Arganil, com o seguinte programa:

21:30 - Alocução do Prof. João Alves das Neves, diretor da Arganilia.

22:00 - Apresentação do número 23 da revista Arganilia pelo Prof. Doutor Nelson Correia Borges.
22:15 - Intervenção da Prof. Doutora Regina Anacleto.

22:30 - Intervenção do Senhor Presidente da Câmara Municipal de Arganil.

22:45 - Atuação do coro Vox Aetherea

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

ECONOMIA – Portugal e Brasil

A economia informal portuguesa deve aumentar em 2009, acompanhando o agravamento de 19,5% do PIB em 21 países europeus, segundo prevê o Prof. Friedrich Schneider, da Universidade de Lins (Áustria).

A OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico) publicou recentemente um relatório alertando o aumento do trabalho informal, que é o resultado do crescente desemprego, considerando que cerca de 1,8 milhões de pessoas não têm contrato de trabalho nem segurança social.

Segundo o Prof. Schneider os países europeus com mais alto índice de economia informal são a Grécia, a Itália e Portugal, salientando-se que o Centro de Estudos de Gestão e Economia da Universidade do Porto propôs em 2008 que fossem tomadas 61 medidas visando aumentar o emprego e reduzir o número de trabalhadores informais.

Já está a funcionar em São Paulo o Banco Caixa Geral – Brasil S.A., que abriu com um capital inicial de R$123 milhões. Estimulará operações de financiamento, investimentos, comércio exterior, etc.

A primeira agência está localizada em São Paulo (Rua Joaquim Floriano, 960 – 17º. andar – bairro Itaim-Bibi), prevendo-se a instalação de mais escritórios no Rio de Janeiro e em Salvador, Porto Alegre e Brasilia. Será um banco múltiplo, aberto não somente para Portugal e o Brasil, mas também para a Ibéria, Angola, Moçambique, África do Sul e para todos os 23 países onde opera a Caixa Geral de Depósitos, que comanda o Banco Caixa Geral – Brasil.

O Banco Caixa-Geral estimulará com certeza as atividades das empresas de Portugal que já operam no Brasil, entre as quais se apontam as seguintes: PT, EDP, Brisa, Cimpor, Galp, SAG, Sonae, Industria Cofina, Mota-Energil e Martifer. Será o renascimento do projecto, sob outro rótulo, do Banco Financial Português, sucessor efêmero da Agència Financial, que apoiou os emigrantes portugueses no Brasil, durante cerca de um século?

O Grupo Pestana, que é o maior conjunto hoteleiro português, vai abrir mais uma unidade em São Salvador, onde já dispunha do Hotel Pestana Bahia, além de outros hotéis em São Paulo, Rio de Janeiro e no Nordeste. Dispõe de 43 hotéis e pousadas em Portugal e em mais 7 países (designadamente na Inglaterra, Argentina, Venezuela, Moçambique, África do Sul, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe.

O Grupo Pestana, que administra também as Pousadas de Portugal, reune 7.000 trabalhadores e obteve receitas de 457 milhões de receitas em 2008l. Tem casinos nas ilhas da Madeira e de São Tomé e Príncipe, uma agência de viagens e 3 operadoras, além de participar de uma companhia de aviação “charter” e de outras atividades na área da hotelaria.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Correio fac-similar: Mensagem enviada pelo Dr. Fernando Leça, Presidente da Fundação Memorial da América Latina em 22/07/2009


" Prezado amigo João Alves das Neves,

Gratíssimo pela gentileza.

O seu livro, "Fernando Pessoa, Salazar e o Estado Novo", que comecei a ler tão logo me chegou às mãos, ajuda a preencher uma lacuna vivencial que a idade e a desinformação característica desse período da infância poderão talvez justificar.

Numa perspectiva distanciada daquele longo e obscuro período, é reconfortante constatar, em sua obra, a posição de Fernando Pessoa a respeito de Salazar e do protagonismo que as circunstâncias e, mais ainda, a sua própria índole, lhe permitiram encarnar.

Minhas felicitações.

Fernando Leça "


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