segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

MUSEU DA IMPRENSA REGIONAL E DAS COMUNIDADES DE LÍNGUA PORTUGUESA


A História da Comunicação que leccionei durante cerca de 25 anos na Faculdade de Comunicação Social “Cásper Líbero” – pioneira do ensino jornalístico no Brasil - foi a que mais me interessou, entre outras cadeiras. Trata-se de um tema ligado de perto ao jornalismo profissional que exerci por mais de meio século: exige conhecimento e interpretação.

Das aulas práticas, passei à busca e selecção dos jornais e revistas que apresentei nas 16 mostras no Brasil (12), Portugal (2), (França, na UNESCO, em Paris) e em Macau. E, como pesquisador, publiquei 2 livros: História breve da Imprensa de Língua Portuguesa no Mundo (Lisboa, 1989) e A Imprensa de Macau e as Imprensas de Língua Portuguesa no Oriente (Macau, 1999). A informação sobra, mas nunca dirigi nenhum museu.

Entre os vários colóquios que coordenei, recordo o de 2000, em Lisboa, onde pudemos recolher as valiosas colaborações de Monsenhor A. Nunes Pereira (“Do Jornal ao Livro”), de Regina Anacleto (da Universidade de Coimbra - “Bosquejo histórico da Imprensa Arganilense”), de Aníbal Pacheco (“Imprensa Regional – um factor de Cultura”), de Lina Maria G. Alves Madeira (“Do “Jornal da Mulher” às mulheres do Jornal de Arganil”), de Teodoro Antunes Mendes (“A minha homenagem à A Comarca de Arganil”) de J. E. Mendes Ferrão (“A Comarca de Arganil, o mensageiro das “novas”e o fermento da saudade), António Lopes Machado (Nos meus 41 anos de redactor de A Comarca de Arganil em Lisboa), carta da escritora Beatriz Alcântara (de Fortaleza, Brasil), jornalista Cáceres Monteiro (A Imprensa Regional é mais lida do que a nacional”, Fernando Correia da Silva (“À Comarca, abraço de universalidade”), e Conclusões do I Colóquio da Imprensa da Beira-Serra. A reunião terminou com uma alocução de Jorge Moreira da Costa Pereira, sócio-gerente do jornal ” A Comarca de Arganil”

O I Colóquio abriu com a nossa intervenção, “Subsídios para o Inventário da Imprensa da Beira-Serra”, na condição de Director da Revista cultural Arganilia assinalando-se que voltámos a abordar o assunto na mesma publicação, em ensaio de 16 páginas, “Para a História dos Jornais e Revistas Arganilenses (edição nº. 20, ano 2006). Além de artigos esparsos de diversos autores sobre o tema, há que destacar o lançamento volume do Centenário de A Comarca de Arganil, que foi coordenado pela investigadora e escritora Regina Anacleto, Professora de História de Artes da Universidade de Coimbra.

As informações constantes do nosso texto seriam suficientes para justificar a instalação e as possíveis actividades do Museu da Imprensa Regional e das Comunidades de Língua Portuguesa, não só porque Arganil faz jús a esta necessária instituição cultural, mas também porque tem condições de estabelecer os laços com o Mundo da Língua Portuguesa - devem somar dezenas de milhares os emigrantes que nasceram na Beira-Serra e vivem nos cinco Continentes. Impõe-se, aliás, o motivo ponderável que temos no Rio de Janeiro o grande acervo jornalístico e literário do Real Gabinete Português de Leitura, do Liceu Literário Português e de outras associações culturais luso-brasileiras de alto nível, assim como em São Paulo se projectam as extraordinárias obras da Real e Benemérita Associação Portuguesa de Beneficência, o renovado Clube Português (que volta a sobressair no cenário da Terra Bandeirante) e a Casa de Portugal, a-par de outras meritórias agremiações luso-paulistas. E o mesmo poderá afirmar-se das entidades lusas em acção na Bahia, em Pernambuco, Fortaleza, Manaus, Belém do Pará, São Luís do Maranhão, Curitiba, Porto Alegre e em mais cidades deste fantástico País-Continente que é o Brasil, criado pelos portugueses e desenvolvido com os emigrantes que vieram de todo o Mundo!

(*) O articulista é escritor português e vive no Brasil. Já publicou mais de três dezenas de livros, os últimos dos quais foram Dicionário de Autores da Beira-Serra (2008), Fernando Pessoa, Salazar e o Estado Novo (2009) e Livro dos 90 anos do Clube Português (2010).

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