quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Correio fac-similar: Carta que recebi do Sr. Antonio Gomes da Costa – Presidente do Real Gabinete Português de Leitura



O novo volume poderá ser adquirido na Alpharrábio Editora e Livraria Ltdª:Rua Eduardo Monteiro, 151–CEP 09041-300 – Santo André/SPE-mail: alpharrabio@alpharrabio.com.brou direto com o autor E-mail: jneves@fesesp.org.br

Preço: R$19,90

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Entrevista com Fernando Pessoa sobre os problemas econômicos - Parte 3


João Alves das Neves - A propósito dos sindicatos, o que acha da evolução até os tempos modernos?

Fernando Pessoa
- O principio sindical - propriamente reacionário ou retrógrado, pois que é uma reversão ás corporações medievais - emergiu nas classes operarias, e de ai galgou para todas as outras. Como, seja mau ou bom, do ponto de vista social, sempre é um elemento de coordenação, temos nele mais um elemento que se refletiu no espírito geral e o impediu mais para se compenetrar da necessidade de organização.

Acresce que o espírito de classe ou de profissão, que ele tende a criar, tem também efeitos de rigorosa especialidade, onde esse espírito não seja apenas político. Assim, no caso das associações comerciais, gerais e especiais, e das câmaras de comércio, se estabeleceu para o comerciante individual uma maior facilidade de estudar a sua profissão, ou o ramo especial dela que exerce. E o espírito geral de organização com isto necessariamente se organizou.

João Alves das Neves
- De certo modo se relaciona com a ação sindical a participação- do Estado no plano econômico, dia-a-dia mais acentuada. O que pensa da crescente estatização?

Fernando Pessoa - A administração de Estado só é possível quando é inevitável e só é inevitável num caso anormal, a guerra e, ainda assim, só para certas indústrias ou comércios. Como, porém, nas sociedades chamadas civilizadas, as atividades normais são todas de ordem pacifica e a guerra, motivando a suspensão de atividades pacificas, implica a suspensão da própria essência do que constitui uma sociedade civilizada, o fato de que o Estado só pode utilmente administrar um comércio ou uma indústria em tempo de guerra é mais um argumento contra o exercício normal pelo Estado desse comércio ou dessa indústria.

A administração pelo Estado de uma indústria ou de um comércio é prejudicial ao Estado, porque todo o comércio (ou indústria) mal administrado é prejudicial a si mesmo: e é prejudicial á indústria ou ao comércio particular, que por ela fica proibido. Só pode, em certos casos, beneficiar o consumidor; porque pode bem ser que o produto vendido o seja em condições anormalmente favoráveis. Há serviços de Estado, em muitos países, que trabalham com déficit previsto para beneficiar o consumidor. Como, porém, esse consumidor é ao mesmo tempo o contribuinte, o que o Estado lhe dá com a mão direita, terá fatalmente que tirar-lho com a esquerda. O consumidor é, no fim, quem paga o que deixa de pagar.

João Alves das Neves - Á estatização deve preferir-se, pelo que se deduz das considerações anteriores, a livre-empresa?

Fernando Pessoa - O regime de liberdade apresenta, a nosso ver, cinco característicos: três que são vantagens, dois que são desvantagens.

É natural, estimula a proficiência técnica, e tende a manter os preços no mínimo possível: estas são as vantagens. É essencialmente incoordenado e instável e, quando degenera, toma-se uma tirania pior que a de qualquer outro sistema: estas são as desvantagens.

João AJves das Neves - As criticas feitas hoje a esse regime econômico voltara-se, sobretudo, para as multinacionais. O que acha da ação desses grupos de empresas, cujos capitais são por vezes totalmente estrangeiros?

Fernando Pessoa - O monopólio espontâneo, ou natural, de que os chamados trusts são o exemplo típico, forma-se por agrupamento de empresas, ou por absorção de umas por outras ou várias por uma só. O monopólio espontâneo apresenta os característicos que já indicamos como os do monopólio legal, porém com duas formidáveis exceções: como é natural, e nasce do próprio jogo das forças econômicas, tem a força orgânica, a brutalidade intima de qualquer força da natureza; como não é legal, não está sujeito à fiscalização, boa ou mi de espécie alguma. Desaba sobre a sociedade como uma tempestade ou um cataclismo; e os governos, ou hão de deixá-lo esmagá-la ou, se o quiserem combater, hão de colocar-se em situação falsa, pois, não havendo nele nada de ilegal, terão, para o combater, que sair eles da legalidade.

João Alves das Neves - Do combate entre os defensores das idéias socializantes e os que proclamam a necessidade da livre-empresa, o que substituirá no mundo conturbado em que vivemos?

Fernando Pessoa - A sociedade é um sistema de egoísmos maleáveis, de concorrências intermitentes. Cada homem é, ao mesmo tempo, um ente individual e um ente social. Como individuo, distingue-se de todos os outros homens; e, porque se distingue, opôe-se-lhes. Como sociável, parece-se com todos os outros homens e, porque se parece agrega-se-lhes. A vida social do homem divide-se, pois, em duas partes: uma parte individual em que é concorrente dos outros, e tem que estar na defensiva e na ofensiva perante eles; e uma parte social, em que é semelhante dos outros, e tem tão somente que ser-lhes útil e agradável.

João Alves das Neves
- Muitas perguntas poderiam ser ainda feitas a Fernando Pessoa sobre os problemas econômicos, temas que só – estão aflorados nas suas obras mais conhecidas. E, no entanto, o escritor viveu intensamente todos esses problemas, tanto mais que a sua 'vida prática" ele a passou no comércio. Revelando-a agora, desejamos ter contribuído para divulgar mais uma das inúiueras facetas do inventor dos heterônimos. Não encerramos, porém, o diálogo com o extraordinário poeta e ensaísta sem formularmos a pergunta que, desde o inicio desta entrevista, era imperioso fazer=lhe. Referimo-nos, é evidente, à situação portuguesa, que era grave antes do 25 de abril, em virtude, principalmente, das guerras na África, mas que muito confusa se tomou depois, em todos os domínios, em particular no da economia.

Como poderão os portugueses enfrentar as suas imensas dificuldades atuais?

Fernando Pessoa
- O primeiro passo para uma regeneração, econômica ou outra, de Portugal é criarmos um estado de espírito de confiança - mais, de certeza - nessa regeneração. Não se diga que "os fatos" provam o contrário. Os fatos provam o que quer o raciocinador. Nem, propriamente, existem fatos, mas apenas impressões nossas a que damos, por conveniência, aquele nome. Mas, haja ou não latos, o que é certo é que não existe ciência social - ou, pelo menos, não existe ainda. E como assim é, tanto podemos crer que nos regeneraremos, como crer o contrário. Se temos, pois a liberdade de escolha, por que não escolher a atitude mental que nos é mais favorável, em vez daquela que nos é menos?

As respostas de Fernando Pessoa foram reproduzidas integralmente dos seus próprios textos.

(Publicado originalmente no semanário de economia Revista Banas, n.° 1085, 17/02/1975, São Paulo e reproduzido no Livro organizado por mim: Fernando Pessoa e a Comunicação Social, ed. Universitária, 2003). – Link direto para aquisição da obra: http://www.submarino.com.br/produto/1/220207?franq=134562

sábado, 22 de agosto de 2009

Entrevista com Fernando Pessoa sobre os problemas econômicos - Parte 2


João Alves das Neves - Como se fosse uma fábula comercial... Que com isso dizer que a comercialização de qualquer produto, por mais trivial que seja, deve ser preparada com o maior rigor, sendo preciso agir sempre como se tratasse de um grande empreendimento?

Fernando Pessoa - Esta história, em aparência tão simples, encerra um ensinamento que todo o comerciante, que não o seja simplesmente por brincar ás vendas, devia tomar a peito, compreender na sua essência. Um comerciante, qualquer que seja, não é mais que um servidor do público, ou de um público; e recebe urna paga a que chama o seu "lucro", pela prestação desse serviço. Ora toda a gente que serve, deve, parece-nos, buscar agradar a quem serve. Para isso é preciso estudar a quem se serve – mas estudá-lo sem preconceitos nem antecipações; partindo, não do principio de que os outros pensam como nós ou devem pensar como nós – porque em geral não pensam como nós -, mas do principio de que, se queremos servir os outros (para lucrar com isso ou não), nós é que devemos pensar como eles: o que temos que ver é como e que eles efetivamente pensam, e não como é que nos seria agradável ou conveniente que eles pensassem.

João Alves das Neves
- Uma das variantes do "marketing", com fórmulas dia-a-dia mais sofisticadas, para atingir cada vez mais eficiente mente o mercado...

Fernando Pessoa - O estudo do público, isto é, dos mercados, é de três ordens - econômico, psicológico e propriamente social. Isto é, para entrar num mercado, seja doméstico ou estranho, é preciso; 1) saber as condições de aceitação econômica do artigo, e aqueles em que trabalha, e em que oferece, a concorrência; 2) conhecer a índole dos compradores, para à pane questões de preço, saber qual a melhor forma de apresentar, de distribuir e de reclamar o artigo; 3) averiguar quais são as circunstâncias especiais, se as houver, que, de ordem profunda social e política, ou superficial e de moda ou de momento, obrigam a determinadas correções no resultado dos dois estudos anteriores.

João Alves das Neves - É da sua autoria a frase de que "na realidade não há comércio: há comércios" e por isso lhe perguntamos: o que pensa desse "comércios" e dos comerciantes em geral?

Fernando Pessoa - É espantoso - não: é pavoroso - o número de comerciantes que cotam para um mercado, estrangeiro e até nacional, espontaneamente ou solicitados, sem averiguar se não estarão cotando um preço que seja um disparate de tal ordem que os desqualifique intelectualmente - e a desqualificação intelectual é por vezes pior que a moral no espírito dos que recebem a oferta. Quando um comerciante, que use a cabeça para fins mais interiores que a colocação do chapéu, verifica que lhe é possível cotar convenientemente para certo mercado, deve responder a um pedido de cotação que, dadas estas ou aquelas circunstâncias, não pode cotar nesse momento: ou que oferece a um preço mais alto que o do mercado (mas mostre que conhece o preço do mercado), porém que o artigo, se é mais caro, é porque é melhor; ou que, por não ter nesse momento disponível senão um tipo desse artigo, não pode cotar senão em determinadas condições.

João Alves das Neves - Você falou de preços para os mercados nacional e internacional, mas não exprimiu a sua opinião sobre a problemática das exportações: o que acha desta questão, hoje vital para todos os países, industrializados ou não?

Fernando Pessoa - Suponhamos que temos que introduzir determinado artigo na Itália. Nem para todos os artigos se dará - mas sem dúvida haverá alguns para cuja colocação importe considerar (á parte as circunstâncias econômicas, de que não estamos agora tratando) o italiano como italiano; o italiano como romano, veneziano, genovês, etc.; o italiano como governado pelo regime fascista; o italiano como crescentemente detestador da França; e assim indefinida, mas, ao mesmo tempo, muito definitivamente.

Um industrial que inventasse e produzisse um tipo de "whisky" novo, bom e barato, teria um mercado certo nas Ilhas Britânicas; mas, se tivesse a lembrança de ornar as garrafas desse liquido de um rótulo com a bandeira daquele império, não deveria admirar-se de ver a maioria dos habitantes do Estado Livre da Irlanda impor-se o horroroso sacrifício de o não beber. O produto estava psicologicamente certo para esse meio, mas estava "socialmente" errado. Parece-nos que assim transmitimos claramente ao leitor a idéia da distinção entre o critério psicológico e o, por assim dizer, sociológico no estudo comercial dos mercados:

João Alves das Neves - Referiu-se a um produto "socialmente" errado e gostaríamos de dar a essa palavra outra conotação hoje tão discutida: o lucro deve ser abolido? È o que advogam os comunistas. Mas não acha que o comércio, seja qual for o regime econômico ou político, jamais poderá desprender-se do seu conteúdo social?

Fernando Pessoa - A atividade social chamada comércio; por mal vista que esteja hoje pelos teoristas de sociedades impossíveis, é, contudo um dos dois característicos distintivos das sociedades chamadas civilizadas. O outro característico distintivo é o que se denomina cultura. Entre o comércio e a cultura houve sempre uma relação não bem explicada, mas observada por muitos. É, com efeito, notável. que as sociedades que mais proeminentemente se destacaram na criação de valores culturais são as que mais proeminentemente se destacaram no exercício assíduo do comércio. Comercial, eminentemente comercial, foi Atenas. Comercial, foi Florença.

A relação entre os dois fenômenos é ao mesmo tempo de paralelismo e de causa-e-efeito. Toda a vida é essencialmente relação, e a vida social, portanto, é essencialmente relação entre indivíduos, quando simples vida social; e entre povos, quando vida civilizacional.

João Alves das Neves - É indubitável que essas concepções, embora permaneçam atuais, se referem particularmente ao passado. Quais são hoje as características que melhor podem definir a atividade econômica, desde a produção á comercialização, incluindo necessariamente a exportação?

Fernando Pessoa - Três são as influências que geraram, e estão gerando, a transformação do segundo período no terceiro:

1) a intensificação de todos os fatores que criaram o segundo período, incluindo o próprio individualismo - intensificação porém tão grande que a diferença entre os dois períodos, de quantitativa passou a ser qualitativa;

2) o aparecimento nítido de concorrências nacionais, organizadas e definidas, umas vezes reforçando, outras sobrepondo-se ás concorrências individuais;

3) o reaparecimento, e desenvolvimento rapidíssimo, do principio sindical.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

EXCLUSIVO !! Entrevista com Fernando Pessoa sobre os problemas econômicos. – 1º PARTE


Admirado corvo poeta e ensaísta, poucos dos seus leitores mais entusiastas sabem que Fernando Pessoa se interessou profundamente pelo estudo da economia, conforme revela o seu livro - Textos para dirigentes de Empresas - editado em 1969. Obra muito atual, mas rara e, por isso, quase inédita dado que poucos exemplares devem existir no Brasil.

Acresce que continuam sendo indiscutivelmente válidos e pertinentes os conceitos dos grandes escritor português sobre os problemas econômicos, em geral, e particularmente sobre os dirigentes de empresa. E assim se explica o propósito de com ele dialogarmos, afim de divulgarmos as suas interessantes opiniões acerca daquele tema. Não solicitamos, é evidente, o auxilio de nenhum "medium" nem recorremos tampouco á tradicional mesa pé-de-galo para entrar em contato com Fernando Pessoa, no Além. Mas suas respostas são exatas e foram reproduzidas com fidelidade, esclarecendo, por conseguinte, o pensamento do entrevistado sobre a evolução da economia, ontem e hoje.

João Alves das Neves - A primeira parte do livro publicado em 1969 trata da "doutrina econômica e empresarial" e dai a pergunta: Como diferenciar a teoria da prática no campo da economia?

Fernando Pessoa - Toda a teoria deve ser feita para poder ser posta em prática, e toda a prática deve obedecer a uma teoria. Só os espíritos superficiais desligam a teoria di prática, não olhando a que a teoria não é senão uma teoria da prática, e a prática não é senão a prática de uma teoria. Quem não sabe nada dum assunto, e consegue alguma coisa nele por sorte ou acaso, chama "teórico" a quem sabe mais e, por igual acaso, consegue menos. Quem sabe, mas não sabe aplicar - isto é, quem afinal não sabe, porque não saber aplicar é uma maneira de não saber - tem rancor a quem aplica por instinto, isto é, sem saber que realmente sabe. Mas, em ambos os casos, para o homem são de espírito e equilibrado de inteligência, há uma separação abusiva.

João Alves das Neves - Na esfera tecnológica, qual é a sua opinião sobre a prática, isto é, acerca dos métodos norte-americanos e europeus?

Fernando Pessoa - Os americanos, que são quem mais profundamente estuda os problemas técnicos, expõem-nos, muitas vezes, humoristicamente. Levam, até, esse gênero de exposição, em alguns casos, a pontos quase inconcebíveis para nós, europeus, tantas vezes solenemente incompetentes.

João Alves das Neves - Já que falou dos europeus e generalizou, não é verdade que eles também divergem nos métodos, tanto na indústria como no comércio? Ou não serão diferentes os processos de comercialização de cada um desses países?

Fernando Pessoa - O inglês costuma comer os "ovos", a que nós chamamos "quentes", não em copos e partidos, mas em pequenas taças de louça, do feitio de meio ovo, e em que o ovo, portanto, entra até metade; partem a extremidade livre do ovo, e comem-no assim, com uma colher de chá, depois de lhe ter deitado sal e pimenta: Na Índia, colônia britânica, assim se comiam, e naturalmente ainda se comem os ovos "quentes". Como é de supor eram casas inglesas as que, por tradição aparentemente inquebrável, exportam para a Índia as taças para este fim.

Sucedeu, porém, que, alguns anos antes da guerra, as firmas inglesas exportadoras deste artigo notaram que a procura dele na Índia decrescera quase até zero. Estranharam o fato, buscaram saber a causa, e não tardou que descobrissem que estavam sendo batidas por casas exportadoras alemãs, que vendiam idêntico artigo ao mesmo preço.
Se as casas alemãs houvessem entrado no mercado índio com o artigo a preços mais baixos, sem dúvida que os agentes dos exportadores ingleses teriam advertido estes sem demora. Mas, como o preço era igual e a qualidade igual também, não era necessário o aviso; nem houve receio senão quando se verificou que havia razão para mais que receio - isto é, quando se verificou que, nestas condições de duvidosa vantagem para um novo concorrente, o artigo alemão vencera por completo.

Feita a averiguação ansiosa da causa deste mistério, não tardou que se descobrisse. Os ovos das galinhas indianas eram - e naturalmente ainda são - ligeiramente maiores que os das galinhas da Europa, ou, pelo menos, das da Grã-Bretanha. Os fabricantes ingleses exportavam as taças de tipo único que produziam para o consumo doméstico. Essas taças, evidentemente, serviam de um modo imperfeito aos ovos das galinhas da Índia.

Os alemães notaram isto, e fizeram taças ligeiramente maiores, próprias para receber esses ovos. Não tinham que alterar qualidade (podiam até baixá-la), nem que diminuir o preço: tinham certa a vitória por o que em linguagem científica se chama adaptação ao meio. Tinham resolvido da Índia e para si, o problema de comer o ovo de Colombo.

Nota: As respostas de Fernando Pessoa foram reproduzidas integralmente dos seus próprios textos.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Correio fac-similar: Carta que recebi da Profª Nilza Setti da Universidade São Paulo

O novo volume poderá ser adquirido na Alpharrábio Editora e Livraria Ltdª:
Rua Eduardo Monteiro, 151–CEP 09041-300 – Santo André/SP
E-mail: alpharrabio@alpharrabio.com.br
ou direto com o autor
E-mail: jneves@fesesp.org.br Custo do livro: R$19,90

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Cultura Luso-Brasileira: OS D0IS PRINCIPAIS FOCOS D0 INSTITUTO HISTÓRICO DE SÃO PAULO

Fundado em 1894, o Instituto Histórico e Geográfico é uma das principais instituições culturais Bandeirantes, cujas atividades destacam a promoção do patrimônio histórico, artístico, cultural e urbano-ambientais, assim como a preservação de tradições, valores cívicos e morais da Cidade e do Estado de São Paulo.

Desde os últimos anos do século XIX até hoje, a ação do Instituto é cumprida através de congressos, cursos, seminários, conferências, exposições e outros eventos ligados ao estudo da História e da Geografia, incluindo naturalmente a Literatura. Além de distinguir os pesquisadores e autores que têm contribuído para o desenvolvimento científico e técnico do Brasil e de Portugal.

Inúmeros intelectuais portugueses têm dado a sua contribuição ao Instituto e foram ou estão ligados às manifestações históricas e culturais da entidade (o subscritor desta nota breve, por exemplo, é sócio honorário do IHGSP e o seu patrono é o escritor João de Barros, que fundou e dirigiu com João do Rio a revista Atlântida, cujo espírito foi a aproximação de Portugal e Brasil). Quer dizer, o contato dos intelectuais portugueses com o Instituto merece ser cada vez mais freqüente.

Preside ao Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo a historiadora Nelly Martins Ferreira Candeias, professora da Universidade de São Paulo e defensora dos valores culturais luso-brasileiras, pois, além das suas raízes portuguesas, é casada com o professor José Alberto Neves Candeias, que nasceu em Portugal e é também professor titular do Instituto de Ciências Biomédicas da USP. Formada em Ciências Sociais, a professora Nelly Candeias fez cursos complementares nos Estados Unidos e na Inglaterra, tendo vários estudos publicados em revistas especializadas do Brasil e de outros países.

Foi à primeira mulher eleita para a presidência do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo e está agora no seu terceiro mandato (de 2009 a 2012). Tem intensificado e atualizado as manifestações da instituição cultural paulista, que dá apoio a outros centros culturais e científicos e, entre as suas metas imediatas, assinala-se o estreitamento dos laços e a cooperação efetiva com a Comunidade Luso-Brasileira, pois considera que os 8 países de idioma português exigem um lugar de maior projeção no Mundo. Declara-se luso-brasileira, pois está ligada pelo coração e pelas raízes culturais ao Brasil e a Portugal (seu Pai foi um dos fundadores, em 1920, do Clube Português de São Paulo) e conclui o seu depoimento: “Lembrando as palavras de Fernando Pessoa (“Minha Pátria é a Língua Portuguesa”), prestigiaremos, na prática, não somente a nossa cidade (que é a maior do nosso mundo idiomático), mas também a nossa Comunidade (somos quase 250 milhões de pessoa, nos 8 países). Chegou a nossa vez - e o Mundo tem de ouvir a nossa voz lusíada!”