A instituição atende em mais de 50 áreas médicas, tendo criado um Centro de Pesquisa com 37 núcleos nas áreas de cardiologia, urologia, clínica médica, pneumologia, infectologia, nefrologia, vascular, hepatologia e oncologia. Instalou um dos maiores bancos de sangue do país (coletou 30 mil bolsas de sangue em 2008). Faz diariamente cerca de 40 cirurgias cardíacas.

Num estudo que publicou sobre “O papel da Beneficência Portuguesa e o problema da saúde no Brasil” salientou o engenheiro Antônio Ermírio de Moraes (Presidente desde 1971 até 2008) que a entidade continua “a tradição inaugurada com o significativo amparo que prestou às populações de Santos e Campinas, quando da epidemia da febre amarela de 1889, ocasião em que avultou a figura de Abílio Soares”. porém, a melhor homenagem que o Dr. António merece do Brasil está justificada nas suas próprias palavras: “Tenho orgulho em sermos um dos poucos hospitais que atendem a todas as classes sociais, incluindo o atendimento a 60% de pacientes pelo Sistema Único de Saúde. Anualmente são mais de 300 mil pessoas beneficiadas com o nosso trabalho que, ao longo de décadas, vem contribuindo para uma vida mais saudável de milhões de paulistanos e brasileiros.”

Falam também por ele os números bem expressivos: nos 6 edifícios da “Beneficência” (área construída de 143 mil metros quadrados), trabalham 6.000 pessoas – entre 1.500 especialistas do corpo clínico, que dispõe de 64 salas cirúrgicas. São realizadas 20 mil intervenções (incluindo 8 mil cardíacas) e 3.589 transplantes (em 7 áreas). Quanto ao número exato de leitos disponíveis é de 1.920 (com 223 de UTI).
Tamanha ação explica os 4 milhões de exames, em 2008, nos mais diversos setores. E testemunha igualmente as 30 mil cirurgias por ano. Professores de Medicina dão o seu contributo à entidade, que, graças à colaboração dos médicos e de profissionais (técnicos e auxiliares de enfermagem), cumprem a tarefa ambicionada pelos 168 portugueses que há 150 anos lançaram as bases de uma associação que ampliou o projeto das Santas Casas de Misericórdia, iniciado pela Rainha D. Leonor, em 1498 (são agora quase 400 em Portugal e 500 no Brasil): o sonho ampliou-se com as “Beneficências” e os seus hospitais brasileiros de espírito lusíada. Como referiu o Presidente Antônio Ermírio de Moraes “a tradição” não morreu.
Decorridos 150 anos, a “Beneficência Portuguesa” cresceu com a cidade de São Paulo. A instituição ultrapassou a fronteira médico-hospitalar, tornou-se patrimônio cultural do Brasil, conforme disse o historiador Pedro Calmon, na conferência que proferiu (9-9-1961), no Salão Nobre “Padre Manuel da Nóbrega”: “O que observamos no salão fulgurante da Beneficência Portuguesa é a ilustração dos grandes momentos da história comum, que nos dá a sensação estética de estarmos, não no interior de um imenso estabelecimento hospitalar, mas dentro de um livro de horas, ilustrado e velho livro iluminado com as grandes cenas e os personagens insignes da nossa tradição, - convivendo com as sombras veneráveis dos homens que fizeram o Brasil”. Na fachada principal, há mais 4 belíssimos vitrais e outros 6 iluminam a moderna capela da Beneficência Lusíada.
Lembramos as palavras do historiador brasileiro para homenagear o Dr. Antônio Ermírio de Moraes, que tão bem conhece os 33 vitrais do Salão Nobre da “Beneficência”, documentação exemplar da História de Portugal e do Brasil. O atual Presidente da Diretoria é o Dr. Rubens Ermírio de Moraes.
Está por documentar a participação dos emigrantes portugueses na construção do Brasil, sob variados aspectos, e certamente que um dos mais importantes terá sido o da assistência médico-hospitalar em todo o País. Essa atividade foi desenvolvida principalmente pelas Santas Casas de Misericórdia e depois ampliada por cerca de três dezenas de hospitais e outras instituições luso-brasileiras que prestam serviços médicos no Brasil.
A missão cumprida pela Real e Benemérita Associação Portuguesa de Beneficência tem sido do maior relevo na área da acompanhamento médico em São Paulo, no decurso dos últimos 150 anos, graças à união de esforços dos emigrados lusos e de milhares de brasileiros natos que assimilaram e realizaram o desafio lançado pela Rainha Dona Leonor, no ano longínquo de 1498. Aliás, a tarefa alargou-se por todos os países de idioma comum, com relevo muito especial para o Brasil.
(*) Jornalista, escritor e professor de comunicação social, o autor deste artigo foi diretor da Real e Benemérita Associação Portuguesa de Beneficência de São Paulo durante mais de 30 anos e é membro do Conselho Consultivo da entidade luso-paulista.
(*) Jornalista, escritor e professor de comunicação social, o autor deste artigo foi diretor da Real e Benemérita Associação Portuguesa de Beneficência de São Paulo durante mais de 30 anos e é membro do Conselho Consultivo da entidade luso-paulista.
2 comentários:
E lá morreu o Castro Soromenho.
Eu trabalho em um hospital que foi construído durante o tempo Português no Brasil. O hospital é muito grande e tem absolutamente todas as áreas da saúde. Eu trabalho na área de radiologia e diagnostico por imagem um dos maiores.
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