Se estabelecermos uma linha de intelectuais e artistas que têm dignificado a cultura da Beira-Serra teremos de revelar a acção de Regina Anacleto, principalmente nos domínios do ensino superior, da investigação histórica e artística.
Não será favor nenhum mas o reconhecimento de uma obra que do capítulo regional se alarga nos domínios nacionais e até aos países estrangeiros onde se desdobram as raízes lusíadas, de que são exemplos mais flagrantes o Brasil e a Espanha.
Do sector literário emergem o pioneirismo de Fernão Rodrigues Redondo, no dealbar da poesia multissecular dos trovadores, assim como de Brás Garcia Mascarenhas com o seu Viriato Trágico (no século XVI) e, sem as fronteiras municipais de hoje, o poeta D. Luís da Silveira, que é destacada em mais de duas dezenas de textos, Garcia de Resende reuniu na antologia do Cancioneiro General, de 1516. De outro goiense, António Francisco Barato (1836-1910), destacaram-se não só Pátria Góis e outros poemas, mas também os livros sobre História, Ficção e outras feições literárias.
E, no âmbito arganilense, terão de situar a obra de José Simões Dias (1844-1899), notável poeta, contista e pedagogo. Na História da Poesia Portuguesa, ressalta o ensaísta João Gaspar Simões que o autor bem feitense deitam poesia que o povo para sempre adoptou, tornando-se património da lira popular. É o caso das redondilhas de “O Teu Lenço”.
Outro escritor relevante desse período foi o Visconde de Sanches de Frias (1845-1922), que publicou com mais de duas dezenas de livros de ficção, história, poesia, memórias e até teatro, cujos cenários abrangem desde o Brasil até Portugal, incluindo a nossa Beira-Serra.
Alberto da Veiga Simões (1888-1954) foi outro dos grandes intelectuais e artistas arganilenses, cuja obra se espraiam a partir do jornalismo e no conto e da crónica, alem de ter sido um dos nossos mais importantes historiadores, apesar de se ter extraviado uma boa parte dos seus trabalhos.
Se fizéssemos uma lista dos mais importantes escritores da Beira-Serra, não deixaríamos de mencionar algumas dezenas, mas temos de nos limitar à referencia de António Nogueira Gonçalves, sacerdote, professor da Universidade de Coimbra, que a par de valiosos estudos adoptados em volumes, tem para reunir centenas de artigos sobre a nossa Beira, dispersos pela imprensa.
Fechamos as menções que nos acidem à lembrança as obras muito valiosas de Monsenhor Augusto Nunes Pereira (poeta, artista plástico, historiador e folclorista da melhor têmpera). E quem puder ir mais fundo nesta digressão cultural que bosque o nosso Dicionário de Autores da Beira-Serra, pois lá encontrará cerca de 300 verbetes sobre os nossos escritores (poetas, ficcionistas, ensaístas, historiadores) e bem assim sobre alguns teatrólogos, musicólogos, artistas plásticos, professores universitários e mais intelectuais e artistas.
E os que se derem à missão de investigar encontrarão centenas de informação sobre os mais variados aspectos da inteligência da Beira-Serra nos 23 volumes da revista “Arganilia”.
Fizemos até incursão pela cultura da Beira-Serra para salientar que nas 165 páginas do nº 23 da revista “Arganilia” os leitores disporão de uma ampla e bem … retrospectiva da vida de Regina Anacleto, que consideramos uma das mais competentes investigadoras e ensaístas portuguesas do nosso tempo. Da sua bibliografia, enumerámos dezenas de títulos aos quais terá de ser futuramente acrescentado o estudo Vila Cova do Alva: Fragmentos do passado, que terá de figurar entre as principais pesquisas históricas sobre a antiga vila do Alva.
Não encerraremos este volume as edições da Arganilia, que reuniu até hoje as bibliografias de Veiga Simões, Brás Garcia Mascarenhas, Simões Dias, Albino Abranches Freire de Figueiredo, visconde de Sanches de Frias, António Nogueira Graça, A. Nunes Pereira, Fernando Vale, Marcelo Caetano e, agora, de Regina (conseguimos reactualizar em grande parte a História de Arganil, Góis, Poiares, Pampilhosa da Serra, Oliveira do Hospital e Lousã, faltando-nos chegar a outros municípios- aonde iremos, se Deus quiser, um dia.
Temos muitos projectos, entre os quais o álbum Terras da Beira-Serra, por obra e graça de Monsenhor A. Neves Pereira, e com ele divulgamos a obra do professor, historiador e pintor Nuno Mata, pois somámos perto de uma cratera a ilustrações, gravuras, desenhos, pinturas, etc. Quando podermos organizaremos um volume consagrado ao pintor e escritor...Guilherme Filipe. Gostaríamos de completar e publicar um volume sobre Gastronomia da Beira-Serra, e lá iremos uma participação dos antigos elaboradores.
A tarefa de Arganilia não se esgotou: está por fazer o livro do Mont’Alto, do contrário de Nossa Senhora das Preces e do mosteiro do Lorvão, três obras-primas da arte-sacra da nossa região. E está por actualizar o Inventário Histórico e Artístico da Beira-Serra, tão anteriormente iniciado por António Nogueira Gonçalves, Augusto Nunes Pereira, entre outros. Regina Anacleto, de quem ainda esperamos outros estudos que valorizem a Cultura Portuguesa, com destaque para a nossa Beira-Serra.
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