quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

UMA GRANDE CIDADE DE RAÍZES LUSÍADAS



Com mais de 1,5 milhões de habitantes, na capital de Pernambuco, e outro 1,5 milhões nas cidades límítrofes, as cidades do Recife e arredores formam um dos maiores conjuntos populacionais do Brasil.
Tem edifícios antigos muito interessantes, do ponto de vista arquitectónico, e os rios que a atravessam – com destaque para o Capibaribe. As estimativas oficiais atribuem cerca de 8,5 milhões de pessoas ao Estado de Pernambuco, que foi o maior produtor nacional de açúcar; entretanto, a cana espalhou-se por outras áreas e tornou o País agro-açucareiro numa das principais fontes econômicas do País.

Dizem os historiadores que a cana do açúcar foi levada da Ilha da Madeira para o Brasil pelos colonizadores portugueses, após a fundação de Olinda, em 1535 (que era a mais importante da então Província). Hoje, a população pernambucana é de 8,5 milhões de habitantes, mas participa apenas com 2/3 do PIB nacional (5,1% na agropecuária, 22,10% na indústria e 72,8% na área de serviços - PIB per capita: $5.931, enquanto as exportações representam 0,5%, somando US$ 781 milhões).

Um grande passado

A situação pernambucana já foi mais significativa, embora os especialistas correctos discordem da importância exagerada conferida à ocupação holandesa e a Maurício de Nassau (governador da Companhia das Índias Ocidentais), a respeito do qual disse o historiador Capistrano de Abreu: “da obra do administrador nada sobrevive; seus palácios e jardins consumiram-se na voragem de fogo e sangue dos anos seguintes; suas colecções artísticas enriqueceram vários estabelecimentos da Europa”. E da acção “colonizadora” adjectivada por Barléus e outros pagos a tanto por linha do que na realidade fez, no Brasil, o perseguidor dos católicos e dos arianos “impuros”, até que a empresa que o contratara resolveu demiti-lo.

Do ponto de vista arquitectónico, as cidades do Recife e Olinda guardaram belos edifícios e antigos palácios, alguns dos quais particulares, além de conventos, igrejas e capelas. Vale a pena visitá-los, assim como os parques e jardins tropicais. É certo que o Recife, por exemplo, cresceu desordenadamente, pois foram edificados numerosos arranha-céus no meio de casas pobres e de grandes e ricos casarões. Enfim, a cidade não difere de tantas outras metrópoles brasileiras. Felizmente que há povoações no Estado de Minas Gerais, cujo património cultural está a ser cuidadosamente defendido - e Ouro Preto parece mais uma povoação portuguesa dos séculos XVII e XVIII do que boa parte das cidades e vilas lusitanas que já perderam as suas melhores tradições históricas e artísticas.

Quando voltarmos ao Recife e a Olinda (onde descobrimos há poucas semanas o desaparecido túmulo de D. Mathias de Figueiredo e Mello, Bispo de Olinda e Recife, que nasceu em Arganil e morreu em Olinda, no século XVII), tentaremos aprofundar certos laços que aproximam o presente do passado, como os templos antigos e as documentadas e interessantíssimas lições de Arte e História que nos oferece o Instituto Ricardo Brennand e a original Oficina Francisco Brennand, onde estão dezenas de belíssimas cerâmicas, esculturas e pinturas de um dos mais extraordinários artistas plásticos contemporâneos.

Para completar uma visita à cidade de Recife, é imprescindível conhecer o a antigo (e moderno) Real Hospital Português, o amplo Clube Português do Recife, o Clube de Remo Barroso (que era português e foi Almirante no Brasil) e o Gabinete Português de Leitura, que desde 1850 dá o exemplo a tantas outras instituições que prosseguem no Brasil a batalha da aproximação cultural de portugueses e brasileiros.

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