domingo, 24 de maio de 2009

Angola: OS BRASILEIROS DESCOBREM UM PAÍS PROMISSOR - Parte I

Cerca de 40 mil brasileiros já teriam desembarcado em Angola, nos últimos anos, ao mesmo tempo que alguns angolanos (e em particular as mulheres) vêm cada cada vez em maior número “fazer compras” no Brasil, desde roupas aos pequenos utensílios domésticos – primeiro, voavam de Luanda a Fortaleza, na região nordeste, e agora começaram a descer até São Paulo, no sul. E dizem que, apesar do alto custo da viagem, vale a pena, porque são muito mais caros os produtos de outros países, incluindo os adquiridos em Portugal (os exportadores que se cuidem, pois os ventos mudaram).

O que está ocorrendo não seria novidade no fim do século XVIII e no começo do XIX, isto é, reata-se uma tradição secular. Quem sabe História, recordará que os oportunistas holandeses, em virtude da guerra com os espanhóis, tentaram asfixiar a economia portuguesa (ou luso-brasileira?) por meio da ocupação do Brasil), pois chegaram a dominar uma boa parte do Nordeste e foram até Angola, instalando-se em diversos pontos do território. Portugal conseguiu libertar-se das grilhetas filipinas, mas os flamengos venderam por bom preço as zonas conquistadas temporariamente pelos militares dos comerciantes vitoriosos.

Em relação a Angola, foram os portugueses do Brasil e os seus descendentes “brasilianos” os principais financiadores da reconquista genuinamente luso-brasileira, ainda que com o denodado apoio da Metrópole, esgotada pelos roubos napoleônicos e, depois, com os gastos da guerra contra “nuestros hermanos (vizinhos, sim, mas não irmãos). A penúria lusitana de homens e dinheiro foi tão grande que o Padre Vieira, na dupla condição de diplomata e negociador, chegou a admitir a hipótese de Portugal ter de recomprar aos holandeses as terras que eles tinham descaradamente roubado a Portugal!
Felizmente, o despudor dos flamengos não conseguiu descaracterizar o Nordeste do Brasil, em virtude de eles haverem sido vencidos para sempre na batalha dos Guararapes (no Recife), ao mesmo tempo que as posições assumidas em território angolano foram destroçadas. Evidentemente, há contemporâneos que não sabem nem querem saber que a unidade do Brasil e de Angola só tem uma explicação - a coragem que os lusos demonstraram na luta contra os inimigos de ontem no antigo Ultramar e até em Portugal. E dizê-lo não significa que os portugueses fossem colonialistas dos tipos inglês, francês, espanhol, holandês, alemão ou italiano.

Não obstante, quando ocorreu a independência do Brasil, em 1822, houve quem, em Angola, defendesse a separação de Portugal e a união em nome de uma brasilidade atlântica, nessa altura tão débil quanto irrealista. O episódio histórico é mal conhecido, mas está documentado no livro Angola e Brasil – 1808-1830, da autoria de Manuel dos Anjos da Silva Ribeiro (ed. Agência Geral do Ultramar, Lisboa. 1970).

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