quarta-feira, 27 de maio de 2009

Angola: OS BRASILEIROS DESCOBREM UM PAÍS PROMISSOR - Parte II

Mais de 50 empresas brasileiras (grandes, médias e pequenas) estão já instaladas em Luanda e outros lugares, conforme artigo de O Estado de S. Paulo,assinado por Edison Veiga, com base em informações da Associação de Empresários e Executivos Brasileiros em Angola. Os empreendimentos são de vulto – o Grupo Odebrecht, por exemplo, dispõe de 10 mil empregados (2.500 são brasileiros) e fez várias centrais hidroelétricas, constrói imóveis e participa das obras de saneamento de Luanda e participa do único central de compras do país (tem 89 lojas), ao passo que a Construtora Andrade Gutierrez amplia os projetos.

Por seu turno, cresce a influência da TV Globo Internacional, que fornece novelas para a Televisão oficial e, além disso, tem 150 mil assinantes. E a Universidade Agostinho Neto contratou diversos professores brasileiros, dá facilidades aos 2 mil estudantes que freqüentam escolas superiores do Brasil, em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Rio Grande do Sul. Paralelamente, a Universidade Agostinho Neto desenvolve-se a partir dos seus 50 mil alunos, que freqüentam 68 cursos de licenciatura, 18 de bacharelato e 15 de mestrado. E anuncia-se que funcionam igualmente 14 universidades particulares em todo o território.

Para lá das saudades que têm da Pátria, os brasileiros que optaram por Angola, definitivamente ou com planos de regresso, vivem muitíssimo bem. Considerando que são milhares os que auferem o triplo dos salários que ganhariam no país natal. E são bastantes aqueles que têm viagens pagas para revisitar de dois em dois meses as famílias que deixaram no país natal.

Como não há bela sem senão, os neo-emigrantes queixam-se da carestia angolana – e só os produtos importados são bons, porque a jovem nação ainda não pôde reformular a sua agropecuária, que foi outrora muito razoável. Os alimentos mais apreciados custam 4 vezes mais do que no Brasil: uma lata de coca-cola custa US$2,70 e uma refeição aceitável fica em torno de USA$50,00 – a moeda nacional é o “kuwanza”, mas para adquirir 1 dólar são precisos 75 “kwanzas”! E isto explica que um apartamento de 2 dormitórios não seja acessível por menos de US$ 5 mil... mensais! (Os executivos mais bem pagos chegam a dispender US$ 5 mil!).

Os brasileiros são como os portugueses e, por isso, irritam-se com o trânsito mais do que lento (em Luanda, nas horas de pico, há quem demore 3 horas para percorrer uma distância de 15 km...). Apesar dos pesares, Angola ainda vale a pena, em especial para os que têm paciência, porque oferece ao visitante praias bonitas, paisagens belíssimas – e, acima de tudo, ao que diz O Estado de S. Paulo, “o angolano é boa gente”, simpático, bem educado e gosta dos brasileiros (e também dos portugueses, porque a colonização foi muito pior noutras terras africanas).

Todavia, o que confrange é a pobreza vivida pela maioria dos 4,5 milhões de residentes na cidade de São Paulo de Assunção de Luanda, fundada pelos colonizadores, em contraponto a São Paulo de Piratininga. Resta aos bons luandenses a esperança de um futuro melhor, já que o presente é difícil.

Os brasileiros adaptam-se à vida angolana, mal grado a falta de uma felicidade completa, que não existe fora do sonho. E quem desembarca em Luanda para trabalhar não deve esquecer a sua condição de emigrante. Aliás, brasileiro que vai para Angola é um privilegiado, porque um alto salário contribui decisivamente para reduzir a saudade.

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