quarta-feira, 11 de março de 2009

GASTRONOMIA DA BEIRA-SERRA - Parte II

Por toda a parte se cozinham os Torresmos, mas só achamos indicações em Pardeeiros (em banha e carne). Aliás, no amplo capítulo das carnes é preciso arrolar igualmente os diversos Empadões, os Anhos (Cordeiros) e deram-nos até uma receita de Texugo! (que é raro apanhar-se, diga-se de passagem).

Dos Cozidos à Portuguesa, tão populares em toda a área serrana, só vimos publicadas as ementas de Fajão e Pardeeiros. E dos inúmeros gêneros de Chouriços ou Enchidos, os de Fajão e Benfeita, enquanto que no domínio das Aves conhecemos somente o Pato de Mouronho (assado no sal), o que está muito abaixo da realidade, porque não há vila, aldeia ou casal que não cozinhe frango, galinha ou galo "à maneira". E a citação pode ser também aplicada ao Coelho – não descobrimos na pesquisa que fizemos uma única referência ao prato que é bastante popular.

No que se refere aos Peixes, há o mesmo vazio, nomeadamente no concernente ao bacalhau (é certo que fecharam os antigos lagares e acabaram as tradicionais tibornadas (só 2 menções, uma das quais em Arganil). Da Couvada (com bacaçhau), 2 descrições em Fajão e Pampilhosa, ao passo que da Lampreia não mais de 3 menções, o que é certamente inferior ao que se fala em Penacova – e por aí adiante!. E das Trutas – apenas 1 (de escabeche) em Fajão, Covanca e Vidual de Cima. Sublinhamos que da bibliografia que nos foi acessível, não podemos omitir as múltiplas Saladas e muito menos os pratos de Tortulhos ou Cogumelos (de Pardeeiros).

E o que falar das inesquecíveis sobremesas serranas? Abre-se a lista apetitosa com o mundialmente clássico Arroz Doce (contámosnão mais do que 5 receitas, incluindo 1 recentemente publicada no caderno "Paladar" do diário O Estado de S. Paulo), mais 2 de Tapioca e 4 de Tijelada. Lembrem-se por acréscimo as 5 modos de fazer Filhós, as 2 de Rabanadas e Fatias Douradas, 3 de Pão de Ló, 2 de Coscoréis e mais 8 de Doces de Frutas regionais (quando se descobrem as pêras, maçãs, uvas, melancias, amoras e os melões, pêssegos, medronhos, etc., etc.?). Em boas horas, continuam a cozinhar-se os inimitáveis Bolos Doces:, desde os Bolinhos de Pinhões de Arganil (3 receitas) aos chamados Pastéis do Mosteiro de Lorvão (4),sem esquecer os Farta-rapazes de Folques, as Tortas de geropiga de Oleiros e a de Tondela, os Nevados de Penacova, o Bolo de Mel de Fajão (a notícia inclui quase sempre Covancas e Vidual de Cima), o Bolo do Porto da Balsa, o Folar de Páscoa do Senhor da Serra e o Bolo de Páscoa de Vila Nova do Ceira (deixamos para mais tarde a citação aos 18 Bolos Salgados (como são as Bôlas de Arganil e os Bolos de Castanhas, os Bolinhos de Bacalhau - e quantos mais!). Relativamente à Doçaria da Beira-Serra, lembramos que é infindável – já catalogámos mais de 50 receitas, mas devem estar faltando outras 50 ou mais!.

Finalmente, os Queijos: juntamos apenas os que foram publicados nas obras ao nosso alcance (e há muitos outros) - os Queijos Frescos de Cabra e o Curtido (da Pampilhosa – e não só), ao lado do queijo de Vinho e do inimitável amanteigado da banda de cá da Serra da Estrela – sem desmerecer o requeijão da Quinta do Mosteiro folquense! Mas quantos queijos e requeijões da Serra ficaram por enumerar, pois não estão impressos em livros nem tão pouco nos jornais e revistas que pudemos consultar?

Por tudo isto e muito mais, poderá concluir-se (provisoriamente) que é extensa e saborosíssima a Gastronomia da Beira-Serra, com mais de 200 receitas de sopas e caldos, peixes e carnes, doces e queijos. (E quem poderá falar dos vinhos?). Só nos falta ponderar que todas estas iguarias não foram até hoje descritas em obras especializadas (são escassas as informações colhidas nas Histórias de vilas e aldeias ou das associações regionalistas), embora certos autores de livros de culinária tenham já anotado bem mais de uma centena de pratos da Beira-Serra.

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