quarta-feira, 25 de março de 2009

História de Coja - O JORNAL TAMBÉM FAZ HISTÓRIA


O resumo dos acontecimentos cojenses, entre os anos de 1901 e 1950, foi resumido por Nuno Mata no livro Memória da Freguesia de Coja na 1ª. Página de A Comarca de Arganil.

Partindo do princípio de que as notícias, as entrevistas e os artigos são habitualmente destacados na capa de qualquer publicação, admitimos que nessa abertura está o essencial – e assim encontramos a referência ao que de mais significativo ocorreu na primeira metade do século XX, a partir da súmula que nos faz acompanhar a carreira profissional de certas figuras de relevo e, ao mesmo tempo, as informações sobre as obras públicas, o ensino, a agricultura, as mortes e os desastres, etc.

Assinala-se que a primeira noticia relacionada com a freguesia vem na edição nº. 2 e cita um artigo do dr. Albino de Figueiredo (do Pisão de Coja) abordando o decantado caminho de ferro de Arganil que parou em Serpins, até hoje, vindo a seguir um artigo de A. V. acerca da caça e depois outro, “Velharias”, da autoria de Mem Soeiro, em torno das considerações Cunha Leal sobre a História de Coja. E por ai adiante.

Como era de esperar, a maioria das informações relaciona-se com o dia a dia cojense, mas há muitas outras mencionando o Pisão, a Esculca e as terras circunvizinhas, por vezes sem grande relevo, nem por isso deixam de ser curiosas pois tratam de pessoas que ainda conhecemos ou das quais ouvimos falar e de acontecimentos do passado que têm relação com a atualidade.

O anos vão passando e pouco mais se diz que ultrapasse a rotina, mas, após as mil e uma notas de licenças para obras particulares, eleições, nomeação de professores e “partidores de água” (também designados por almotacéis), brigas judiciais, subsídios para isto e aquilo, avisos do recenseamento militar. indicação de juízes de paz e partidos médicos. Entretanto, na edição de 5 de Dezembro de 1907 é noticiada a posse do Conselheiro Neves e Sousa na Reitoria da Universidade de Coimbra, onde lecionaram (até os anos 30 do século XX) mais de quatro dezenas de professores ligados à Beira-Serra.

Para o mesmo alto cargo foi convidado o Prof. Manuel José Fernandes Costa (que era professor da Escola de Farmácia de Coimbra , conforme noticia divulgada em 6 de Dezembro de 1917), por motivo de doença do Reitor. Porém, o indicado não aceitou o convite ( nº. 970 de A Comarca, de 20 de Novembro de 1919). Não obstante, refere-se a do Conselheiro Albino de Figueiredo como Vogal do Conselho Superior do Supremo Tribunal de Justiça. Ainda o conhecemos, já bastante idoso, porque passava pelo menos parte das férias no Pisão de Coja, onde era conhecido por “Conselheiro Novo”, lembrando que seu Pai, que tinha o mesmo nome, foi Conselheiro do Rei e que político destacado da Monarquia, tendo dirigido em Lisboa o jornal Portugal Velho – a ele se deve a 2ª. edição, em 1846., do Viriato Trágico, de Brás Garcia Mascarenhas – o leitor interessado poderá encontrar documentação mais ampla na revista Arganilia (nºs. 9, de 1999, e 18, de 2004).

E se é imprescindível ressaltar, nas informações colhidas por Nuno Mata, enumeram-se alguns dos mais importantes melhoramentos públicos: em 6 de Setembro de 1911 anota-se que foram autorizados os estudos para a construção da estrada de Coja à Moura, obra essencial para a ligação com a Serra das populações arganilense e pampilhosense. Mas o caso só voltou a ser noticiado quando a Direção de Obras Públicas de Coimbra pediu à Câmara Municipal que apontasse quais os terrenos “que teriam sido expropriados , nomeadamente os da antiga casa da Câmara Municipal de Coja,” para a construção da referida estrada (nº. 718 de A Comarca de Arganil, 7 de Janeiro de 1915).

Sob o título de “Quedas de água”, fala-se na construção da barragem no Rio Alva, com incidências e m Coja (nº. 1091, 13-4-1922). À distancia dos anos, há noticias que hoje nos parecem pitorescas, como foi o caso da oriunda da Esculca (em 1923 15 de Agosto), sob o título “Aeroplanos: “dá conta da passagem de um aeroplano na Esculca, com destino a Gouveia”. O nº. 1288 (125-2-1926) traz a alvissareira informação de que a Câmara arganilense atribuira verbas arranjos na estrada da Benfeita”, que só bastantes anos mais tarde seria inaugurada. E, no meio de muitas outras notícias diferentes, a sede do conselho deverá ter ficado perturbada com o projeto da certa a reforma administrativa, que pode ser resumida em poucas linhas - as vilas de Coja e Avô aspiram tornar-se sedes de municípios, condição que as duas terras perderam no século XIX.

Quanto ao mais, a vida corria serenamente na Beira-Serra – estava chegando a toda a parte a eletricidade, o telefone, os serviços do correio tinham melhorado e surgiam os primeiros sinais das ligas e comissões de melhoramentos que viriam impulsionar o abastecimento de água, o alcatroamento das estradas, a construção de escolas e as entidades de apoio social e hospitalar, a exemplo da Sociedade de Assistência Cojense e da Casa de Caridade de Folques – exemplos que se alargariam a quase toda a região, embora faltasse completar a assistência no mais amplo sentido às vilas, aldeias e casais da Beira-Serra. Algo progrediu, mas a região ainda está à espera de um progresso socioeconômico que constantemente é prometido mas sempre adiado. É verdade que foi assim na era ditatorial, mas no tempo democrático, numerosos problemas aguardam a solução.

A enunciação feita por Nuno Mata é da maior utilidade para os historiadores do futuro, porque os de agora são bem poucos. Seja como for, esta Memória da Freguesia de Coja na 1ª. Página de A Comarca de Arganil (1901-1950) abre pistas não apenas aos pesquisadores do movimento regionalista, no respeitante à vida cultural da Beira-Serra. E é o que destacaremos mais tarde.

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